domingo, 11 de setembro de 2016

Macunaíma – o herói sem nenhum caráter, em Cordel. Cordelista: Josué G. de Araújo



Para homenagear Mário Andrade, cuja morte completou 70 anos o ano passado, o poeta cordelista Josué Gonçalves de Araújo adaptou para o cordel a obra “Macunaíma – o herói sem nenhum caráter”, uma das mais conhecidas obras do também autor de “Pauliceia Desvairada”, e um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, de 1922. Josué o fez a propósito de atender o convite da professora Sueli Gonçalves – da Rede Municipal de Ensino -, criadora da APL – Academia Estudantil de Letras, que atua dentro da Academia Paulista de Letras.
A obra de Mário de Andrade vertida para o cordel no ano passado, e que foi publicada pela Editora Areia Dourada, terá lançamento oficial na Oficina Cultural Casa de Mário de Andrade, em 1º de outubro, com palestra sobre Cordelismo e apresentações musicais. Entre a palestra e a sessão de autógrafos haverá um momento de declamação e música, com a participação dos poetas Varneci Nascimento, Cleusa Santo e Carlos Moura.
Na apresentação da obra de Josué Araújo, o escritor e sociólogo Nando Poeta lembra que em suas viagens Brasil afora, para melhor conhecer a cultura de nosso povo, Mário de Andrade esteve no nordeste e se encantou com a vida simples e com o que se produzia artisticamente na região. Ali encantou-se com o cordel, a cantoria e, mesmo, com o cangaceirismo.
“De imediato,a cabeça do idealizador da Pauliceia Desvairada, interagiu com aquela realidade. E ele se dispôs a abrir a sua criação literária deixando-a se influenciar pela produção artística que expressava de forma singular a realidade do povo, as raízes da cultura nordestina”, depreende Nando Poeta do cordel de Josué, que incumbiu-se apresentar:
Nos versos do Futurista,
Poeta Mário de Andrade:
“Ver arte contando história,”
“São glórias desta cidade.”
Quando um povo não tem glória,
Arte é celebridade!
As obras falam por si:
Moda: “Viola quebrada”
Livro: “Lira Paulistana”
Sua obra consagrada,
“Macunaíma, o herói,
Nas telas foi projetada.
Era ainda os anos 1920 e nos ciclos eruditos o cordel era visto como uma literatura de pouco valor, por não agregar o lírico, mas Mário a enxergou diferente. “Para ele foi uma verdadeira descoberta.
Viu no cordel, um gênero literário e passou a beber nessa fonte. Na sua obra O Baile das Quatro Artes publicou um capítulo ‘Romanceiro de Lampião’ retratando o período do cangaceirismo e, o que foi mais sublime, reproduziu trechos da poesia de cordel, que ele retirou dos folhetos coletados durante a viagem, explicando aquele fenômeno histórico, tão desconhecido da maioria da população brasileira”, assim continua Nando Poeta, na apresentação.
Defende o apresentante de Macunaíma em cordel, que Mário de Andrade inspirou-se em um dos folhetos clássicos do cordel brasileiro, de autoria do paraibano Leandro Gomes de Barros, um dos pioneiros desse gênero. “O cordel satírico A Vida de Cancão de Fogo e o seu Testamento foi a fonte em que Mário de Andrade bebeu para construir o protagonista de seu clássico Macunaíma” assegura o escritor apresentante.
O nome Macunaíma,
Ima – “grande”, maku – “mau”,
Bom e mau, covarde e bravo…
Um elemento dual:
Sendo incapaz e capaz,
Faz o bem e faz o mal.
Sobre o autor
Nasceu em 16/11/1950 na cidade de Marabá Paulista – “Pontal do Paranapanema” (SP) -, mas viveu toda a infância e a juventude na cidade vizinha: Mirante do Paranapanema. Aos 18 anos migrou para São Paulo. Foi bancário e atualmente, além de escritor, é diagramador de textos para a Editora Luzeiro e Magazine Gibi. A Editora Luzeiro publicou vários livros de cordel de sua autoria:
O coronel avarento ou o homem que a terra recusouO mistério da pele da novilhaO gato de botasOs dez mandamentosApagando as pegadas em CordelO carroceiro e o burro, o burro esperto e o cavalo burroAs cabaças do Akpalô, e O país Kastoriano contra o império da terra do fogo.
O autor foi premiado no concurso nacional “Mais literatura de Cordel edição 2010” – Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura, com a recriação em cordel da obra:
Os três fios de cabelo de ouro do diabo em Cordel”.
 Serviço:
Lançamento do livro e palestra
Oficina Cultural Casa Mário de Andrade
Rua Lopes Chaves, 546 – Barra Funda
(próximo do metrô Mal Deodoro)
01/10/16, das 15 às 17h
http://jornalcentroemfoco.com.br/wp/arquivos/2426

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