quinta-feira, 24 de junho de 2010

Zitoé Catimbozeiro, o burrinho misterioso



Leandro viajava no Maria Fumaça de cidade em cidade, pra divulgar e vender o seu cordel.


Eu vou montado no meu burrinho. Vou vender o Coronel Avarento, O mistério da pele da novilha, o cordel das copas, e todos os outros livretos. Zitoé é catimbozeiro, quando bate uma orelha na outra, a gente aparece em outra cidade. É mais rápido que o Pavão Misterioso. Zitoé voa com o pensamento. Alguém duvida?


Vamos lá Zitoé Catimbozeiro.

Cordel é Poesia (Josué)

Na supremacia poética,
Todo soneto perfeito,
Completo com suas regras,
Tem espaço por direito
Ao lado da trova em quadra!
O Cordel só não se enquadra
Em razão do preconceito.

Julgamento literário
Persistindo em rotular,
O cordel literatura,
De romance popular,
Esquecendo que o cordel,
Que lembra o menestrel,
É poesia pra se contar.

Se é poesia com suas regras,
Deve ser classificado
De forma imparcial,
Pesquisando seu passado
Como os sonetos e trovas,
Assuntando bem as provas
Pra ficar bem informado.

Cada verso da poesia,
Do cordel literatura,
É rimado e ritmado,
Feito na métrica pura
Em estrofes de sextilha
Ou também feito em setilha,
Pra contar nossa cultura.


***
Nota: Agradecimentos pela belíssima caricatura
Telefone de contato é: 11 9364-8857
Fábio Fernando

domingo, 6 de junho de 2010

O Cordel é Poesia e Poesia é literatura


Poesia é literatura
1.
LiteraturaO que é literatura?
Literatura é a fonte de difusão do conhecimento.
O livro é a maior forma de expressão do conhecimento.

• "Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora."
Voltaire.
Como se pode viver sem a leitura?.......
Deixar de ler é a morte instantânea.
Um mundo sem livros é um mundo sem atmosfera, como Marte. Um lugar impossível, inabitável.
Rosa Monteiro – A louca da casa

Pessoas cultas e repletas de sabedoria, dificilmente praticam o mal.
Há um paradoxo Socrático que afirma:

• "Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.

Benefícios da literatura: Vida longa, saudável e feliz
(Revista “Entre – livros”):
1. A literatura possibilita viver vidas múltiplas, em algumas horas;
2. Amplia a compreensão do mundo;
3. Permite a aquisição de conhecimentos objetivos;
4. Aprimora a capacidade de expressão;
5. Reduz os batimentos cardíacos;
6. Diminui a ansiedade;
7. Aumenta a libido;
8. Proporciona prazer na alma.

2. LITERATURA DE CORDEL OU CORDEL

• O que é literatura de cordel

“Romanceiro popular nordestino, em grande parte contido em folhetos pobremente impressos e expostos à venda pendurados em cordel, nas feiras e mercados.”(Novo dicionário Aurélio)

Isso é verdade?

• O termo “Literatura de Cordel”, se originou em Portugal. Era costume pendurarem em um cordel, toda espécie de literatura: Receitas de bolos da vovó, tabelas da fertilidade feminina, rezas pra ganhar dinheiro ou marido rico, poesias, etc. Tudo isso era literatura de cordel, salvo o nosso cordel que lá não existia, pelo menos na forma em que sempre se apresentou.

• Silvino Pirauá foi quem primeiro escreveu um romance em versos, mas, foi Leandro Gomes de Barros quem formatou; quem sistematizou a impressão e publicação do cordel no formato em que conhecemos, ou seja: Uma narrativa esm versos Impresso em folhetos, com capas de preferência em xilogravuras.

• Literatura lembra livros; Cordel lembra folhetos em versos;
• Livros para serem lidos. Eu leio para mim.
• Folhetos para serem ditos, contados, falados, declamados, narrados. Eu leio para os outros.
• O princípio da literatura em cordel se fundamenta na oralidade. O cordelista escreve para um ouvinte.
• O jornalista que escreve para o jornal impresso, escreve para os leitores, mas, quando escreve para o Telejornal ou para Teatro, ele escreve para os ouvintes.

• Meus amigos, minha gente
• Peço-lhes toda atenção,
• Porque vou contar um fato
• Que se deu lá no sertão.
• Tenho perfeita lembrança
• Pois chorei igual criança,
• Pra abrandar meu coração!

A Poesia e a sua forma de expressão

1. POESIA:
É um fragmento da literatura, na arte de transcrever em versos a inspiração da alma.
1.1. Inspiração:É o desejo intenso da alma de exteriorizar a beleza da sua essência. É a inspiração que desperta o sentimento dessa beleza e incita o poeta a escrever a poesia.

1.2. POEMA:

É a obra em verso ou seja, uma composição poética que pode ser expressa de várias formas:.

Verso: É cada linha de uma estrofe.
Exemplo:• “Todos cantam sua terra,”

Estrofe: É um conjunto de versos sistematizados.
Exemplo:
• " Todos cantam sua terra,
• Também vou cantar a minha
• Nas débeis cordas da lira
• Hei de fazê-la rainha:
• - Hei de dar-lhe a realeza
• Nesse trono de beleza
• Em que a mão da natureza
• Esmerou-se em quanto tinha."
Autor: Gonçalves Dias
 A estrofe pode ser formada em números variados de versos;
• Verso
• Dístico (2 versos)
• Terceto (3 versos)
• Quarteto ou Quadra (4 versos)
• Quintilha (5 versos)
• Sextilha (6 versos)
• Setilha (7versos)
• Oitava (8 versos)
• Nonas (9 versos)
• Décimas (10 versos)
• Irregulares (Mais de 10 versos)

• Métrica Poética e classificação dos versos

É a medida, ou seja, a matemática do verso. O verso se forma a partir de duas sílabas poéticas e varia até doze sílabas. Ao número de sílabas métricas, nem sempre corresponde ao mesmo número de sílabas gramaticais.

 Classificação: Número de sílabas

• Monossílabos - 1 sílaba
• Dissílabos - 2 sílabas
• Trissílabos - 3 sílabas
• Tetrassílabos - 4 sílabas
• Pentassílabos - 5 sílabas
• Hexassílabos - 6 sílabas
• Heptassílabos - 7 sílabas
• Octossílabos - 8 sílabas
• Eneassílabos - 9 sílabas
• Decassílabos - 10 sílabas
• Hendecassílabos - 11 sílabas
• Dodecassílabos - 12 sílabas
• Bárbaros - Mais de 12 sílabas

Regras da métrica:
 Conta-se as sílabas poéticas até a última sílaba tônica da última palavra do verso, desprezando-se as sílabas átonas seguintes;.
• Exemplo:

• 1 2 3 4 5 6 7 (sílabas poéticas)
• 1 2 3 4 5 6 7 8 9 (sílabas gramaticais)

• Oh!/ que/ sau/ da/ des/ que eu/ te-nho

• Os ditongos, com exceção dos hiatos, constituem uma sílaba métrica –
• Exemplos:Sau-dade, vo-gais, e outros. *(ditongos)
Sem - a – sa-ú-de eu - não – vô-o *(hi-a-to)

Duas ou mais vogais que se encontrem no final de uma palavra e até ao início da próxima palavra, pode unir-se numa única sílaba métrica.
Exemplo:
As- a-ves - que a-qui - gor-jei-am
(7 silabas poéticas- contagem termina na sílaba tônica - jei.
Uma vogal tônica não permite a elisão com outra vogal tônica:
Exemplo:
Ti-ve-mos – u-ma - má - é-po-ca. (7 sílabas poéticas)

Vogal muito forte, no final da palavra, não se une a outras vogais, ao contrário das vogais átonas que podem se unirem a qualquer espécie de vogal:
• Exemplo:
Ca-fé – e - o – lei-te eu- to-mo. -
(7 sílabas poéticas)

A ultima vogal da palavra café não permite a elisão com as duas vogais seguintes (e - o);
Mas na palavra leite, sendo a ultima vogal átona, se une ao ditongo (eu) para formar uma só sílaba poética.
Ao contrário, qualquer vogal átona, pode se unir a próxima sílaba iniciada por uma vogal tônica ou não, formando uma só sílaba poética.

1.3. A RIMA• O que é rima?
Rima são palavras que combinam através do som (fonética), na terminação, ou;
É a coincidência de sons entre palavras, especialmente no final dos versos.

Onde começa a rima?

 A rima começa na vogal da sílaba tônica da ultima palavra do verso até o final da mesma palavra:
 Exemplo:

• Ele é Iluminado.
Rima com:
• E tem um toque encantado.
Apesar da última silaba – do - não rima com:
• Ele se sente ofendido.

Nota:
Como a rima é combinação de som, admite-se a combinação de: Mesa com Beleza, visto que o som, dessas terminações, é idêntico.


• Formas de rimas:

Quadra Heptassílabos: ABAB

Nasce o sol, belo e fulgente,
De manhã nessa agonia.
Sobe quente, indiferente,
Ao clamor, da romaria.
(Autor: Josué)Quadra Heptassílabos: XAXA – A letra –x- não rima

Canta, canta Sabiá,
No galho da laranjeira,
Canta, canta de saudades,
Da amada companheira.
(Autor: Josué)
Quadra Decassílabos: ABAB

Não me afortunei da rica riqueza.
Sobrevivi só, sem eira e sem beira,
Vulnerável afixado a pobreza,
Igual batente fincado à soleira.
(Autor: Josué)

Sextilha Heptassílabos: XAXAXA

Vocês, soberbas Palmáceas,
Belas guardiãs altaneiras,
Vejo e sinto os teus olhares,
De palmeiras companheiras,
Verde pendão desse vale,
Revelando essas trincheiras.
(Autor: Josué)
Setilha Heptassílabos: XAXABBA

Em tempo de seca brava,
Segundo disse o poeta,
“Canícula dardejante”
Igual a fogo na seta —
É quem “escaldava a terra”.
Calango fugia pra serra,
Correndo como um atleta.
(Autor: Josué - Cordel de O Coronel Avarento)
E outras tantas formas de rimas, de acordo com o número de versos em cada estrofe. Também, há os versos livres mais utilizados na poesia moderna.

• Conclusão

Estrofes de Cordel sem as suas regras imutáves, desde de Leandro, não é cordel.
Na arte da poesia temos então, várias formas de expressão:

• O soneto

Formado por 14 versos (10 sílabas) decassílabos (mais conhecido) divididos em: 2 quadras e 2 tercetos com a sua forma de rima e um conteúdo que se inicia na primeira quadra, concluindo o tema no último terceto.

• A trova

Formada por 4 versos Heptassílabos (7 sílabas poéticas) com um conteúdo que inicia no primeiro verso e a conclusão do assunto no último verso.

• Cordel

Poemas ou narrativas em versos com formação mais conhecida em estrofes de sextilhas com a rima na forma de: xaxaxa, ou setilhas com a rima na forma de: xaxabba. Todos os versos devem ser Heptassílabos (sete sílabas poéticas).

• Versos livres

Composições poéticas em versos livres da métrica poética.

 Conclusão sobre o Cordel
• O Cordel é uma das formas nobre de expressão da poesia, em nível de igualdade ao soneto e a trova, pois, estão sujeitos as mesmas regras poéticas, variando apenas, na quantidade de sílabas ou disposição de versos em estrofes. Não é costume de se referir ao soneto como “Literatura de Soneto”, ou “Literatura de Trova”, como se referem, erroneamente, ao Cordel.

• O Cordel não é literatura popular; não é literatura nordestina; não é literatura de cordel ou qualquer outra denominação, o Cordel é poesia da mesma forma que o soneto é poesia, a trova é poesia e, poesia é literatura.

• O Cordel é literatura porque é Poesia.
Cordel é Poesia
Na elite da poesia,
Todo soneto perfeito,
Completo com suas regras,
Tem espaço por direito
Ao lado da trova em quadra!
O Cordel só não se enquadra
Em razão do preconceito.

Julgamento literário
Persistindo em rotular,
O cordel literatura,
De romance popular,
Esquecendo que o cordel,
Que lembra o menestrel,
É poesia pra contar.

Se é poesia com suas regras,
Deve ser classificado
De forma imparcial,
Pesquisando seu passado
Como os sonetos e trovas,
Assuntando bem as provas
Pra ficar bem informado.

Cada verso da poesia,
Do cordel literatura,
É rimado e ritmado,
Feito na métrica pura
Em estrofes de sextilha
Ou também feito em setilha,
Pra contar nossa cultura.


(Versos de: Josué)

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