quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Inferno sem pavor (Josué G. de Araujo)

Devo a vida ao instinto
Nessa tal sobrevivência!
É assim que todo dia,
Sobrevivo à existência.
O instinto é quem me salva,
Despertando-me na alva.
Ter a alma de escritor
É entregar-se no deslumbre,
Com a paz só de vislumbre
Num inferno sem pavor.

O tédio é sufocante
E a poesia é salvadora
— Colírio paliativo! —
Grande amiga animadora.
Mas o barco majestoso
Nas águas do mar colosso,
Deriva sem horizonte,
Com bússola sem ponteiro
E o leme sem marinheiro.
O céu parece defronte!

No espelho a imagem,
É você se avelhantando.
Naquele corpo estranho,
Matéria sempre oxidando
E o disparate da vida,
A dor na alma sentida,
É que o corpo envelhece,
Mas a eterna criança
Conserva a esperança,
Vivendo, não se esmorece.

Em total catalepsia,
Com sua plena consciência,
Olhando pelas janelas
Diante dessa incoerência,
A figura envelhecida,
No espelho, desvanecida,
Insiste em ser você.
E o espírito imortal,
Permanece jovial,
Escravo, sempre a mercê.

As pessoas ao redor
Augurando como corvo,
Querem livrar do entulho,
Do improfícuo estorvo.
O espírito amordaçado
Oculto e agrilhoado,
Num paradoxo da vida:
Se, lá dentro ele evolui,
La fora o corpo dilui
Corrompendo a guarida.

No interior da carcaça
Um sábio em letargia
Tem que dormir acordado
Pra cumprir a profecia.
Sufocando seu desejo,
Vivendo só de sobejo,
Engolindo muito sapo,
Achando na solidão
Abrigo e proteção,
Sentindo-se como trapo.

Nessa furna de dois olhos
Contemplando a beleza,
Se cumpre a penitência,
A sanção da natureza:
Medida de repressão,
Visando a evolução,
Da sua própria essência,
Uma questão do espírito
Que lhe parece esquisito,
Sem você ter consciência!

Mesmo assim, você deseja
Tudo o que não pode ter.
Seus sonhos são impossíveis,
E você tenta esquecer!
Lá dentro, puro sadismo,
Lá fora, só masoquismo.
O belo fica mais belo
E a beleza é negada.
A velhice é descartada,
Para um mundo paralelo.

É realmente sufocante
O tédio da existência.
O espírito é cruel,
A vida é incoerência,
Uma absurda imposição,
Com arbítrio por opção:
— Ou a vida ou a morte —
Se a vida, pegue a enxada
E, se a morte, resta à espada.
É um jogo de esporte.

As águas correm pro mar
Por força da natureza.
Nada impede o seu caminho,
Não importa a profundeza.
Voando em nuvens no céu,
Correndo na terra ao léu
Adentrando pelas veias,
Nas artérias da terra,
Pelas estrias da serra,
Descendo sem quaisquer peias.

O planeta deflorado,
Conseqüência do progresso,
Pra salvar a humanidade
É o que diz qualquer congresso.
Quando a terra se queimar
E o verde se acabar,
Tudo estará terminado,
Vamos ser anjos sem asas,
Viver no inferno sem casas,
Com o Diabo malvado.

Extinção lá no inferno,
Esse risco, ninguém corre.
O céu já foi destruído
Por culpa de um grande porre:
Quando os anjos rebelados
Foram então engabelados,
Pela farsa da ambição,
O céu foi todo manchado.
O Diabo já alertado,
Cuidou da preservação.

Miríades exiladas
Do seio da divindade,
São sementes no astral
Que nascem na humanidade.
Infiltram-se na matéria,
Ocultando-se na artéria
Do humano sem juízo.
Usando desse instrumento,
Através do nascimento,
Retornar ao paraíso.

Toda manhã, de manhã
Embora o céu bem sereno
Sempre creio que o dia
Será de sol mais ameno.
Mas se pinta um temporal
Como guerra angelical,
E a procela brame forte
Temo que um raio certeiro
Atinja meu corpo inteiro
Rezo então, para ter sorte.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Carta do escritor "Medalha de Ouro" do Clube do Livro para o Cordelista Josué Araujo

São Paulo, 04 de setembro de 2010.

Caro Josué G. de Araújo

Com a Literatura de Cordel você encontrou realmente o seu caminho criativo em O Mistério da Pele da Novilha você reafirma e mantém o nível alcançado em seu folheto anterior, O Coronel Avarento, tanto na temática quanto na preocupação formal. Nos dois você soube se utilizar de certos mitos para construir o seu universo ficcional, dando-lhe assim um significado maior, sem a necessidade dês se deter em explicações sobre os mecanismos predominantes das relações humanas.
No comentário que fiz sobre seu primeiro folheto, apontei o fato de você fazer do Coronel Avarento um verdadeiro judeu errante, condenado a viver eternamente na materialidade para os seus crimes. Não por coincidência, neste seu segundo trabalho o personagem Severino tem a mesma sina, só que lhe é dada a possibilidade de se redimir através de uma troca de solidariedade bem cristã. Meus parabéns pela coerência formal e de conteúdo. Se você havia usado bem as estrofes de sete versos, agora o faz bem com as de seis versos. Está se tornando um mestre na arte de narrar versejando. Persista.
Sem querer ser chato, relembro que, antes de você, alguém já disse ser o cordel “um estilo dês vida”. Em 1972, na “Revista Brasileira de Folclore”, Rio de Janeiro, jan/fev, Mark J. Curran disse: “Quando uma pessoa lê folhetos, da Literatura dês Cordel, faz muito mais do que apreciar a poesia do povo. O leitor pode perceber um estilo de vida visto não só nos versos, mas também na apresentação total do poeta popular, sua ideologia e sua personalidade como poeta e comentador da vida do povo”. Esse comentário foi reproduzido numa antologia organizada por José de Ribamar Lopes, Literatura de Cordel, 2ª edição de 1983, nas páginas 673 e 677.De onde se vê a autenticidade de sua dedicação ao Cordel, como gosta de dizer.Muito mais eu teria a comentar sobre seus dois folhetos no gênero, mas fico por aqui. Tenho certeza que os especialistas terão muito mais a dizer sobre eles, pois estão a merecer.
Receba o abraço fraterno do

Benedicto Luz e Silva

No centro da São Paulo, no edifício da Paz, eu subo pelo elevador de porta sanfonada de antigamente, até o segundo andar. Por um longo corredor em forma "L", eu percorro alguns segundos ansioso e após passar por várias portas fechadas, bato na penúltima porta. Meia porta se abre porque a sala é pequena e repleta de livros. Entre eles, esta o mestre Benedicto com os seus cabelos branquinhos. É sempre com alegria que me recebe. Começa ai o dialogo literário. Falamos da vida de Machado de Assis, Mário de Andrade, do amigo pessoal do mestre - Jorge Amado e outros. Brasileiros ou internacionais, não importa, o mestre tem intimidades com todos eles. brigamos muito e ele sempre espera que eu não volte mais por causa da suas rebeldia ou discórdia. Eu sempre volto e sempre repito: Mestre, eu voltarei sempre, não importa as nossas desavenças literárias. O expediente do Mestre termina ao meio dia. Depois de alimentar a alma, o Mestre volta para sua casa.

Eu o conheci por indicação de um conhecido dele. Alguém me disse que havia um escritor solitário em uma sala do edifício. Eu exigi que ele me levasse até a sala e me apresentei ao escritor. Começou assim a nossa amizade. Descobri também que ele era conhecido de um dos meus concunhados de Natal. Nem sei o quanto aprendi com ele...

Josué.

Escritor e Editor:Benedicto Luz e Silva

1º lugar (Medalha de Ouro) no segundo concurso para a outorga do "PRÊMIO NACONAL CLUBE DO LIVRO'
Com o livro; "Um corpo na chuva" - Romance com 150 Pg.
Editora Clube do Livro Ltda - 1972.

Publicou mais des 500 títulos de vários autores pela sua editora pessoal.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O mistério de Josué por Marco Haurélio

O Mistério da Pele da Novilha, de Josué Gonçalves de Araújo, lançado recentemente pela Luzeiro, é, ao mesmo tempo, um sopro renovador para a poesia dita popular e a afirmação de uma tradição que nem todos querem ou conseguem respeitar. Refiro-me ao romance, gênero nobre da Literatura de Cordel, que, hoje em dia, muitos consideram anacrônico.

Josué, não. Tanto no anterior, O coronel avarento, como neste, entrevê-se no autor o leitor. E ele não nega. Credita a sua inserção no universo do cordel à avó, que lia, para ele, o longo e empolgante romance de Minelvino Francisco Silva, João Acaba-Mundo e a Serpente Negra. Se antes do autor vem o leitor, antes do cordelista está o ficcionista. É a partir de sua obra em prosa, ainda pouco conhecida, que Josué vai construindo e consolidando sua carreira de cordelista.

Na obra de Josué, a referência à mitologia grega é também uma constante. Mas ela não é gratuita. Em O Mistério da Pele da Novilha, por sinal, ela se faz notar sutilmente, quando o autor compara o protagonista, Severino, ao desventurado Titono, amante de Éos (a Aurora), premiado com a imortalidade, mas não com a eterna juventude. No personagem principal, ainda é possível se enxergar traços da lenda cristã do judeu errante, o igualmente desventurado Ahasverus (ou Assevero), já levada para o cordel por Severino Borges, Francisco Sales Arêda e Manoel Pereira Sobrinho. Na literatura de cordel, o judeu é identificado como Samuel Belibé (de “Beli-Beth”, o sem-casa).

Josué mistura, ainda, o romance realista, com uma descrição perfeita da vida e dos costumes sertanejos, com o realismo fantástico, sem deixar de ser convincente ou descambar para a inverossimilhança.

Mais não direi para não atrapalhar o arguto leitor. Afinal, como o próprio título entrega, há um mistério a ser desvendado. E um tesouro a ser descoberto.


Marco Haurélio:
Baiano de Riacho de Santana, poeta popular, editor e folclorista. Em cordel, tem uma vintena de títulos editados. É autor, também, dos livros infantis A Lenda do Saci-Pererê e Traquinagens de João Grilo (Paulus); O Príncipe que Via defeito em Tudo (Acatu; pela Editora Nova Alexandria, lançou Lendas do Folclore Capixaba, As Babuchas de Abu Kasem (Conhecimento), A Megera Domada (recriado em cordel a partir do original de William Shakespeare) e O Conde de Monte Cristo (versão poética do romance de Alexandre Dumas. Com base numa recolha feita no sertão baiano, em 2005, organizou as antologias Contos Folclóricos Brasileiros (publicada em 2010 pela Paulus Editora), Contos e Fábulas do Nosso Folclore (Nova Alexandria) e Contos de Fadas Brasileiros. No campo da pesquisa em poesia popular, escreveu Breve História da Literatura de Cordel (Ed. Claridade), que integra a coleção Saber de Tudo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Mistério da Pele da Novilha - Novo livreto em cordel

A Editora Luzeiro lança mais um dos meus livretos em cordel.


“Na noite mais escura, a tempestade traz à porta de João Simões um estranho viajante. Seu alforje esconde uma amarelada pele de novilha. Pela manhã, depois do café, com voz grave olhar perdido no horizonte, o peregrino inicia a história daquela pele e fala da maldição que o persegue há muitos anos. Uma narrativa surpreendente.” Palavras do Professor Aderaldo Luciano Doutorado em Literatura com tese em cordel.




Dessa forma eu começo a minha narrativa:

Bem assim, que me contaram,
O que eu conto e reconto.
Se é verdade, eu não sei!
Pois quem conta, aumenta um ponto.
E a tendência da história
É crescer, de conto em conto.

Numa noite muito escura,
Entre raios e trovões,
Um homem bateu à porta
Da casa de João Simões,
Que, apesar da noite alta,
Acolheu-o sem sermões.

Proveu-lhe um bom jantar
Oferecendo-lhe pousada,
Quando foi pela manhã,
Serviu-lhe boa coalhada.
Como bom anfitrião,
Não mostrou cara amarrada!

...

Editora Luzeiro Ltda

Rua Dr. Nogueira Martins, 538 Saude
São Paulo-SP
CEP 04143-020
Tel/Fax: (11) 5585-1800/5589-4342
http://www.editoraluzeiro.com.br/
vendas@editoraluzeiro.com.br

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Josué De Nazaré

A FAZENDA NAZARÉ É DO POVO
Marabá Paulista

Em 29 de fevereiro de 2000 deu-se início o processo de n.º 137/2000 da 1.ª Vara Judicial da Comarca de Presidente Venceslau.
Neste processo, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo requereu que fossem declaradas devolutas as terras da “Fazenda Nazaré” no município de Marabá Paulista. A ação foi ajuizada em face de Agripino de Oliveira Lima e seus familiares, posto serem eles, aqueles que afirmavam serem “donos” da Nazaré.Em 30 de abril de 2002, em julgamento de primeira instância, foi reconhecido que as terras da Fazenda Nazaré eram devolutas, pertencentes ao Estado. Os Lima apelaram da sentença e perderam no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Nesta nova decisão foi reconhecida a ocorrência de má-fé por parte dos Lima na “aquisição” das terras em questão.Novos recursos foram interpostos da decisão do TJ. Um para o STJ e outro para o STF. O Tribunal de Justiça não admitiu nenhum deles. Inconformados, interpuseram novos recursos. O STJ, por decisão unânime da sua terceira turma, não conheceu o recurso especial. O STF, em sua composição plena e por unanimidade, em decisão tirada em junho de 2009, negou porvimento ao recurso dos Lima. Em 10 de agosto de 2009 transitou em julgado a sentença que reconheceu as terras como devolutas. Foram quase 10 anos de luta nos tribunais.Neste meio tempo, centenas de famílias, milhares de pessoas, aguardaram esta decisão em seus barracos de lona preta ao longo das rodovias. Foram diversas as ocupações. Balas foram disparadas. E agora, o trânsito em julgado de tão esperada sentença. Resta a pergunta: quem realmente invadiu aquelas terras?E a luta continua. Em março de 2010, deu-se início aos trabalhos do processo de demarcação da área. É bem possível que aqueles que invadiram a Nazaré a décadas atrás ainda tentem recursos e inventem algum expediente jurídico para protelar a imissão da posse pelo estado. Mas a coisa agora mudou de figura, a Nazaré é terra devoluta, é do Estado, é do povo.E não foi só o Estado que ganhou com essa ação. É que a maior parte da fazenda Nazaré repousa em terras municipais, portanto, o povo de Marabá Paulista fica mais rico. Resta saber o que a municipalidade vai fazer com tanta terra a sua disposição. Por tudo isto a luta do MST deve ser louvada. Estas bravas pessoas que sempre se puseram a frente de jagunços, intempéries, despejos, enfim, efetivamente anteciparam o que o Judiciário levou dez anos para concluir.O Centro de Direitos Humanos “Evandro Lins e Silva” manifesta seu apoio a todos aqueles que lutam pela reforma agrária, pelo acesso a terra, pelo fim do latifúndio.Fonte: Centro de Direitos Humanos “Evandro Lins e Silva”
Artigo recebido por e-mail. Postado por Claudemir Mazucheli no Blog "GEOGRAFIA E LUTA"
http://profcmazucheli.blogspot.com/2010/04/fazenda-nazare-e-do-povo.html

Eu nasci nessa fazenda. Em 1950, Marabá Paulista se chamava Areia Dourada. No meu registro de nascimento consta Areia Dourada, atualmente, Marabá Paulista. O meu primeiro romance tem o título de "O mistério da bruxa de Areia Dourada" .Nasci em uma casinha com paredes de troncos partidos de coqueiro e barro, na Fazenda Nazaré. O que vai acontecer com essa fazenda? Sera dividida e deixará de existir? Josué De Nazaré

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Zitoé Catimbozeiro, o burrinho misterioso



Leandro viajava no Maria Fumaça de cidade em cidade, pra divulgar e vender o seu cordel.


Eu vou montado no meu burrinho. Vou vender o Coronel Avarento, O mistério da pele da novilha, o cordel das copas, e todos os outros livretos. Zitoé é catimbozeiro, quando bate uma orelha na outra, a gente aparece em outra cidade. É mais rápido que o Pavão Misterioso. Zitoé voa com o pensamento. Alguém duvida?


Vamos lá Zitoé Catimbozeiro.

Cordel é Poesia (Josué)

Na supremacia poética,
Todo soneto perfeito,
Completo com suas regras,
Tem espaço por direito
Ao lado da trova em quadra!
O Cordel só não se enquadra
Em razão do preconceito.

Julgamento literário
Persistindo em rotular,
O cordel literatura,
De romance popular,
Esquecendo que o cordel,
Que lembra o menestrel,
É poesia pra se contar.

Se é poesia com suas regras,
Deve ser classificado
De forma imparcial,
Pesquisando seu passado
Como os sonetos e trovas,
Assuntando bem as provas
Pra ficar bem informado.

Cada verso da poesia,
Do cordel literatura,
É rimado e ritmado,
Feito na métrica pura
Em estrofes de sextilha
Ou também feito em setilha,
Pra contar nossa cultura.


***
Nota: Agradecimentos pela belíssima caricatura
Telefone de contato é: 11 9364-8857
Fábio Fernando

domingo, 6 de junho de 2010

O Cordel é Poesia e Poesia é literatura


Poesia é literatura
1.
LiteraturaO que é literatura?
Literatura é a fonte de difusão do conhecimento.
O livro é a maior forma de expressão do conhecimento.

• "Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora."
Voltaire.
Como se pode viver sem a leitura?.......
Deixar de ler é a morte instantânea.
Um mundo sem livros é um mundo sem atmosfera, como Marte. Um lugar impossível, inabitável.
Rosa Monteiro – A louca da casa

Pessoas cultas e repletas de sabedoria, dificilmente praticam o mal.
Há um paradoxo Socrático que afirma:

• "Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.

Benefícios da literatura: Vida longa, saudável e feliz
(Revista “Entre – livros”):
1. A literatura possibilita viver vidas múltiplas, em algumas horas;
2. Amplia a compreensão do mundo;
3. Permite a aquisição de conhecimentos objetivos;
4. Aprimora a capacidade de expressão;
5. Reduz os batimentos cardíacos;
6. Diminui a ansiedade;
7. Aumenta a libido;
8. Proporciona prazer na alma.

2. LITERATURA DE CORDEL OU CORDEL

• O que é literatura de cordel

“Romanceiro popular nordestino, em grande parte contido em folhetos pobremente impressos e expostos à venda pendurados em cordel, nas feiras e mercados.”(Novo dicionário Aurélio)

Isso é verdade?

• O termo “Literatura de Cordel”, se originou em Portugal. Era costume pendurarem em um cordel, toda espécie de literatura: Receitas de bolos da vovó, tabelas da fertilidade feminina, rezas pra ganhar dinheiro ou marido rico, poesias, etc. Tudo isso era literatura de cordel, salvo o nosso cordel que lá não existia, pelo menos na forma em que sempre se apresentou.

• Silvino Pirauá foi quem primeiro escreveu um romance em versos, mas, foi Leandro Gomes de Barros quem formatou; quem sistematizou a impressão e publicação do cordel no formato em que conhecemos, ou seja: Uma narrativa esm versos Impresso em folhetos, com capas de preferência em xilogravuras.

• Literatura lembra livros; Cordel lembra folhetos em versos;
• Livros para serem lidos. Eu leio para mim.
• Folhetos para serem ditos, contados, falados, declamados, narrados. Eu leio para os outros.
• O princípio da literatura em cordel se fundamenta na oralidade. O cordelista escreve para um ouvinte.
• O jornalista que escreve para o jornal impresso, escreve para os leitores, mas, quando escreve para o Telejornal ou para Teatro, ele escreve para os ouvintes.

• Meus amigos, minha gente
• Peço-lhes toda atenção,
• Porque vou contar um fato
• Que se deu lá no sertão.
• Tenho perfeita lembrança
• Pois chorei igual criança,
• Pra abrandar meu coração!

A Poesia e a sua forma de expressão

1. POESIA:
É um fragmento da literatura, na arte de transcrever em versos a inspiração da alma.
1.1. Inspiração:É o desejo intenso da alma de exteriorizar a beleza da sua essência. É a inspiração que desperta o sentimento dessa beleza e incita o poeta a escrever a poesia.

1.2. POEMA:

É a obra em verso ou seja, uma composição poética que pode ser expressa de várias formas:.

Verso: É cada linha de uma estrofe.
Exemplo:• “Todos cantam sua terra,”

Estrofe: É um conjunto de versos sistematizados.
Exemplo:
• " Todos cantam sua terra,
• Também vou cantar a minha
• Nas débeis cordas da lira
• Hei de fazê-la rainha:
• - Hei de dar-lhe a realeza
• Nesse trono de beleza
• Em que a mão da natureza
• Esmerou-se em quanto tinha."
Autor: Gonçalves Dias
 A estrofe pode ser formada em números variados de versos;
• Verso
• Dístico (2 versos)
• Terceto (3 versos)
• Quarteto ou Quadra (4 versos)
• Quintilha (5 versos)
• Sextilha (6 versos)
• Setilha (7versos)
• Oitava (8 versos)
• Nonas (9 versos)
• Décimas (10 versos)
• Irregulares (Mais de 10 versos)

• Métrica Poética e classificação dos versos

É a medida, ou seja, a matemática do verso. O verso se forma a partir de duas sílabas poéticas e varia até doze sílabas. Ao número de sílabas métricas, nem sempre corresponde ao mesmo número de sílabas gramaticais.

 Classificação: Número de sílabas

• Monossílabos - 1 sílaba
• Dissílabos - 2 sílabas
• Trissílabos - 3 sílabas
• Tetrassílabos - 4 sílabas
• Pentassílabos - 5 sílabas
• Hexassílabos - 6 sílabas
• Heptassílabos - 7 sílabas
• Octossílabos - 8 sílabas
• Eneassílabos - 9 sílabas
• Decassílabos - 10 sílabas
• Hendecassílabos - 11 sílabas
• Dodecassílabos - 12 sílabas
• Bárbaros - Mais de 12 sílabas

Regras da métrica:
 Conta-se as sílabas poéticas até a última sílaba tônica da última palavra do verso, desprezando-se as sílabas átonas seguintes;.
• Exemplo:

• 1 2 3 4 5 6 7 (sílabas poéticas)
• 1 2 3 4 5 6 7 8 9 (sílabas gramaticais)

• Oh!/ que/ sau/ da/ des/ que eu/ te-nho

• Os ditongos, com exceção dos hiatos, constituem uma sílaba métrica –
• Exemplos:Sau-dade, vo-gais, e outros. *(ditongos)
Sem - a – sa-ú-de eu - não – vô-o *(hi-a-to)

Duas ou mais vogais que se encontrem no final de uma palavra e até ao início da próxima palavra, pode unir-se numa única sílaba métrica.
Exemplo:
As- a-ves - que a-qui - gor-jei-am
(7 silabas poéticas- contagem termina na sílaba tônica - jei.
Uma vogal tônica não permite a elisão com outra vogal tônica:
Exemplo:
Ti-ve-mos – u-ma - má - é-po-ca. (7 sílabas poéticas)

Vogal muito forte, no final da palavra, não se une a outras vogais, ao contrário das vogais átonas que podem se unirem a qualquer espécie de vogal:
• Exemplo:
Ca-fé – e - o – lei-te eu- to-mo. -
(7 sílabas poéticas)

A ultima vogal da palavra café não permite a elisão com as duas vogais seguintes (e - o);
Mas na palavra leite, sendo a ultima vogal átona, se une ao ditongo (eu) para formar uma só sílaba poética.
Ao contrário, qualquer vogal átona, pode se unir a próxima sílaba iniciada por uma vogal tônica ou não, formando uma só sílaba poética.

1.3. A RIMA• O que é rima?
Rima são palavras que combinam através do som (fonética), na terminação, ou;
É a coincidência de sons entre palavras, especialmente no final dos versos.

Onde começa a rima?

 A rima começa na vogal da sílaba tônica da ultima palavra do verso até o final da mesma palavra:
 Exemplo:

• Ele é Iluminado.
Rima com:
• E tem um toque encantado.
Apesar da última silaba – do - não rima com:
• Ele se sente ofendido.

Nota:
Como a rima é combinação de som, admite-se a combinação de: Mesa com Beleza, visto que o som, dessas terminações, é idêntico.


• Formas de rimas:

Quadra Heptassílabos: ABAB

Nasce o sol, belo e fulgente,
De manhã nessa agonia.
Sobe quente, indiferente,
Ao clamor, da romaria.
(Autor: Josué)Quadra Heptassílabos: XAXA – A letra –x- não rima

Canta, canta Sabiá,
No galho da laranjeira,
Canta, canta de saudades,
Da amada companheira.
(Autor: Josué)
Quadra Decassílabos: ABAB

Não me afortunei da rica riqueza.
Sobrevivi só, sem eira e sem beira,
Vulnerável afixado a pobreza,
Igual batente fincado à soleira.
(Autor: Josué)

Sextilha Heptassílabos: XAXAXA

Vocês, soberbas Palmáceas,
Belas guardiãs altaneiras,
Vejo e sinto os teus olhares,
De palmeiras companheiras,
Verde pendão desse vale,
Revelando essas trincheiras.
(Autor: Josué)
Setilha Heptassílabos: XAXABBA

Em tempo de seca brava,
Segundo disse o poeta,
“Canícula dardejante”
Igual a fogo na seta —
É quem “escaldava a terra”.
Calango fugia pra serra,
Correndo como um atleta.
(Autor: Josué - Cordel de O Coronel Avarento)
E outras tantas formas de rimas, de acordo com o número de versos em cada estrofe. Também, há os versos livres mais utilizados na poesia moderna.

• Conclusão

Estrofes de Cordel sem as suas regras imutáves, desde de Leandro, não é cordel.
Na arte da poesia temos então, várias formas de expressão:

• O soneto

Formado por 14 versos (10 sílabas) decassílabos (mais conhecido) divididos em: 2 quadras e 2 tercetos com a sua forma de rima e um conteúdo que se inicia na primeira quadra, concluindo o tema no último terceto.

• A trova

Formada por 4 versos Heptassílabos (7 sílabas poéticas) com um conteúdo que inicia no primeiro verso e a conclusão do assunto no último verso.

• Cordel

Poemas ou narrativas em versos com formação mais conhecida em estrofes de sextilhas com a rima na forma de: xaxaxa, ou setilhas com a rima na forma de: xaxabba. Todos os versos devem ser Heptassílabos (sete sílabas poéticas).

• Versos livres

Composições poéticas em versos livres da métrica poética.

 Conclusão sobre o Cordel
• O Cordel é uma das formas nobre de expressão da poesia, em nível de igualdade ao soneto e a trova, pois, estão sujeitos as mesmas regras poéticas, variando apenas, na quantidade de sílabas ou disposição de versos em estrofes. Não é costume de se referir ao soneto como “Literatura de Soneto”, ou “Literatura de Trova”, como se referem, erroneamente, ao Cordel.

• O Cordel não é literatura popular; não é literatura nordestina; não é literatura de cordel ou qualquer outra denominação, o Cordel é poesia da mesma forma que o soneto é poesia, a trova é poesia e, poesia é literatura.

• O Cordel é literatura porque é Poesia.
Cordel é Poesia
Na elite da poesia,
Todo soneto perfeito,
Completo com suas regras,
Tem espaço por direito
Ao lado da trova em quadra!
O Cordel só não se enquadra
Em razão do preconceito.

Julgamento literário
Persistindo em rotular,
O cordel literatura,
De romance popular,
Esquecendo que o cordel,
Que lembra o menestrel,
É poesia pra contar.

Se é poesia com suas regras,
Deve ser classificado
De forma imparcial,
Pesquisando seu passado
Como os sonetos e trovas,
Assuntando bem as provas
Pra ficar bem informado.

Cada verso da poesia,
Do cordel literatura,
É rimado e ritmado,
Feito na métrica pura
Em estrofes de sextilha
Ou também feito em setilha,
Pra contar nossa cultura.


(Versos de: Josué)

sábado, 20 de março de 2010

Não Se Deixe Manipular

Os livros sagrados

“Se alguém ouça dizer que sabe a verdade, é mentiroso. Se alguém diz que pode fazer chover, prenda-o e obrigue-o a fazer chover. Não o deixe pensar que somos otários.”

Quando começamos a descobrir e a se deleitar, na infinita sabedoria e nos mistérios das páginas dos livros sagrados, somos aprisionados por eles. Nossa vida muda radicalmente da água para o vinho quando mergulhamos de cabeça nas páginas desses livros. Logo nos julgamos privilegiados e iluminados por Deus. Muitos saem por ai, gritando aos quatro cantos do mundo e até para os surdos, toda a verdade que julga ter se conscientizado. Na verdade, isso é um forte indício da loucura. Ficamos loucos e escravos dos mistérios desse livro sagrado.
A lista de absurdos que demonstram o poder de tais livros, sobre lideres religiosos e insanos, é longa e estão registrados nas páginas da nossa história. O tempo passa, mudam-se os métodos, mas o poder da manipulação continua eficiente e eficaz. (Isso é válido para qualquer livro considerado sagrado por um povo, mas, vamos usar, aqui, o exemplo da bíblia).
Vejo muitas pessoas pelas ruas, visivelmente loucas, gritando e pregando as mensagens da bíblia sem se importar, se as pessoas estão ouvindo-as ou não. São pessoas aprisionadas pela sabedoria das páginas da bíblia. Pessoas sem potenciais intrínsecos desenvolvidos, sem alguma formação filosófica ou teológica, são as vítimas mais vulneráveis do mistério das páginas de um livro sagrado, como é o exemplo da bíblia. Mas, se algum dia essas pessoas sedentas de sabedoria, compreenderem verdadeiramente as mensagens espirituais da Bíblia, então, se libertarão dela. Escorregarão para as margens do livro até caírem para fora. De fora é que realmente temos uma visão mais ampla. Quando estamos livres, então a bíblia, ou qualquer outro livro sagrado, estará sob o nosso domínio e não o contrário. Não seremos mais loucos de sairmos gritando por todos os cantos, algo que só agora, passamos a entender de verdade. E a verdade é que nada sabemos. Esse é o primeiro nível da consciência. Se alguém ouça dizer que sabe a verdade, é mentiroso. Se alguém diz que pode fazer chover, prenda-o e obrigue-o a fazer chover. Não o deixe pensar que somos otários.
A bíblia se tornou tão clara de repente, no meu entendimento, que eu me encontrei livre dos tentáculos misteriosos que me prendiam a ela. O estudante, ávido para absorver a sabedoria da bíblia, só consegue desligar dos seus tentáculos, quando desvenda todos os seus mistérios. Pode não acreditar, mas isso acontece com algumas pessoas. A maioria delas se perde no abismo dos mistérios não desvendados, mas outros guerreiros continuam a lutar até encontrar outros caminhos para serem trilhados. Deus envia seus raios de luzes com conteúdo de sabedoria, para buscadores sinceros que tenham uma tela de projeção nas paredes escuras do cérebro. Esses buscadores têm o privilégio de assistir de camarote, dentro de si próprio, todas essas projeções, sempre que desejar. Abominam o fanatismo. O fanatismo nunca é assumido pelo fanático. O fanático acha que os outros são os verdadeiros fanáticos. O fanatismo é o tapa-olho dos buscadores iniciantes. Enquanto se está incorporado pelo fanatismo, não se vê nada além das páginas da bíblia. Quando perde parte do fanatismo, percebe que, tudo na bíblia, tenta lhe fazer enxergar, fora dela. “Quando o sábio aponta o dedo para as estrelas, o leigo vê, apenas o dedo.” A bíblia aponta para fora e não para dentro dela. Dentro dela é limitado e sufocante. Os olhos, e apenas os olhos, devem adentrar as páginas da bíblia, mas o espírito e a mente devem buscar as interpretações e o entendimento, no infinito. Aqueles que foram dominados pelos mistérios das letras das páginas dos livros sagrados, mergulham em um estado de loucura, como é o caso de muitos líderes religiosos e loucos:

Pastor Jim Jones levou 900 à morte em 78
Publicado em 28/03/97 no Jornal Folha de São Paulo

O caso mais famoso de suicídio coletivo associado ao fanatismo religioso foi o do pastor americano Jim Jones e sua seita, o Templo do Povo. Mais de 900 pessoas morreram ao ingerir uma mistura de suco de laranja com cianureto, na noite de 18 de novembro de 1978, em Jonestown, uma aldeia no meio da selva na Guiana. Os que se recusaram a beber veneno foram assassinados...
''Não estamos cometendo suicídio. Este é um ato revolucionário. Não podemos recuar porque eles não nos deixarão em paz. Bebam o suco e sejam gentis com as crianças'', disse Jones aos seus 913 seguidores, entre eles 275 crianças e 12 bebês.”

“Outro caso desse tipo ocorreu em setembro de 1985 nas Filipinas. A ''sacerdotisa suprema'' Mangayonon Butaog matou seus fiéis com formicida com a promessa de que todos veriam a ''a imagem de Deus''.


A maioria dos lideres religiosos, loucos, surgem das páginas dos livros sagrados. Não se pode ler, por exemplo, a bíblia e interpretá-la ao pé da letra. Dessa forma vamos transformá-la em um livro de contos e lendas, do tipo, a história da cegonha e o bebê dentro do saco pendurado em um longo bico. Quando deixamos de ser crianças, nos tornamos adultos com um entendimento maior, ou seja, compreendemos então que por trás da história da cegonha, há um fundo de verdade: um longo bico, um saco com um futuro bebê dentro e um ritual de relacionamento humano que gera uma nova vida. A história é a mesma mas como adultos, entendemos de forma real.

O que falar então da maçã do Éden?

Será que por causa de uma fruta tão doce, material e inofensiva, toda uma humanidade que nem existia caiu em desgraça? Violências, estupros, fome, guerras, arrogância, ambição sem controle, extermínio dos seres humanos pelos próprios seres humanos...
Tudo isso veio a existir porque Deus, como se não conhecesse o futuro, como se fosse um cientista humano comum e imperfeito surpreendeu-se com a ineficiência da sua própria criação, em cumprir ordens? E pasmem!...
Revoltado e cheio de ódio e vingança, condenou a sua criação, (o casal existente) e a humanidade ainda não existente, as terríveis e cruéis punições?
Punições materiais, e também espirituais, ou seja, o ato de desobediência é espiritual e o objeto da desobediência, a maçã, é material?
Um Deus todo perfeito, poderoso e que conhece tudo, antecipadamente, e também que pode tudo, ficou de repente sem imaginação, sem visão do futuro e impotente?
Cometeu uma falha terrível ao criar um ser vulnerável e, continuou a proceder como um ser imperfeito e comum na execução do seu projeto da humanidade?
“Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.”
E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. (Gênesis 6 : 4 e 5)
Vendo todo o seu plano se tornar inviável, sentindo - ao pé da letra do versículo seis - a sensação do fracasso, Deus assumiu o erro ao se arrepender da criação da humanidade.

“Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.”

Então, o que é mais incrível, Deus, com o coração pesado agiu semelhante ao mais imperfeito dos homens, na tentativa de reparar as falhas do seu projeto, conforme consta do versículo sétimo:

“E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.”

Sem nenhuma complacência, Deus exterminou a humanidade, exceto Noé e sua família, inundando a terra com as águas do dilúvio.
“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”.
“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” 1 Coríntios 13:11-12.

Crescer, deixar de ser crianças e se tornarem adultos. A humanidade ainda esta na fase infantil. Somos crianças estendendo as mãos para outras crianças mais espertas e inconseqüentes, que fingem ser adultas.
Não procure a Deus com os olhos fechados, tateando e tentando se pendurar (Nele) como uma tábua de salvação; procure-o, para conhecê-lo e, estará conhecendo melhor, a si próprio e a razão de existir. Não o procure pelo caminho da fé (acreditar no escuro), mas procure pelo caminho do conhecimento (caminho da luz). Também, não se prenda a nenhum caminho. Todos os caminhos são próprios para serem conhecidos e trilhados, mas não para se perderem neles.

Feliz daquele que se liberta, antes que a loucura o aprisione definitivamente.

Obs: Trecho de um livro que escrevi e não editei


Josué

terça-feira, 2 de março de 2010

I Seminário promovido pela Caravana do Cordel

CARAVANA DO CORDEL PROMOVEU SEU I SEMINÁRIO

Neste último 28 de Fevereiro, para quem ainda tinha dúvidas, ficou perceptivo a força que tem o cordel. Em pleno domingo chuvoso, cerca de 40 pessoas compareceram do I SEMINÁRIO DE CORDEL . O evento foi uma realização do Movimento-Escola Caravana do Cordel, visando um novo olhar, melhor discuti-lo e, sobretudo, perseguindo meios de ampliá-lo. Assessorado pelo Dr. Aderaldo Luciano que abordou pontos pouco falados no meio cordeliano. E pelo poeta, folclorista e pesquisador Marco Haurélio, que apresentou um panorama atual da produção e publicação de Cordel no Brasil. Crispiniano Neto, secretário de cultura do Rio Grande do Norte, informou o que vem sendo feito em termos de políticas públicas relacionadas ao cordel em nível de Brasil. O seminário foi considerado por todos os participantes um sucesso. Veja abaixo o discurso de abertura do evento lido por Cacá Lopes e escrito por Varneci Nascimento e Pedro Monteiro:

Pseudo-pesquisador,
Desatento, sem postura,
Já causou para o cordel
Uma série de “lesura”
Negando-lhe o status
Próprio de literatura.

Por isso, que nós poetas,
Cansados de escutar,
Absurdos sobre o tema
Resolvemos convidar
Vocês pra pormos as coisas
No seu legítimo lugar.

Uma confusão imensa
Espalhou-se no geral,
Que herdamos o cordel
Da Europa, que é igual,
O que se produz aqui
Ao mesmo de Portugal.

Estudos hoje comprovam
De maneira fascinante:
Cordel é literatura
Um gênero muito importante,
Não tem quase nada a ver
Com o nome de barbante.

Isso são só alguns tópicos
Entre os quais discutiremos,
Sepultando os embaraços,
Sem problemas ficaremos,
Com quem veio palestrar
Nossas dúvidas, tiraremos.

Não pedimos privilégio,
Mas, queremos o direito,
Pra esta literatura,
Um merecido conceito,
Pois só assim ao cordel,
Hão de tratar com respeito.

Contudo, reconhecemos,
Mudanças em andamento,
Livros de cordéis lançados
A todo e qualquer momento,
É muito bom, mas não é,
O fechado cem por cento.

Por isso, o movimento,
Do cordel quer ser fecundo,
Propor algo que alcance
A todo globo rotundo,
Para que o mundo seja,
De cordel pra todo mundo.

Assim lhes agradecemos,
Por está aqui presente,
E também é bom que saiba
Quanto isso alegra a gente,
Há de ser muito melhor,
Unidos daqui pra frente.

Cada presença é marcante,
Estudante ou editor,
Amante da poesia,
Curioso ou professor,
Poeta ou jornalista,
Mestre ou pesquisador.

Sintam-se em suas casas
Aproveitem pra valer.
Amemos mais o cordel,
E em algo podem crer:
Só com esforço de todos
O cordel pode crescer.

Porque sei que é imenso
O seu lindo itinerário,
Por quem devemos lutar,
E torná-lo planetário!
Pra você que está perto
Agora declaro aberto,
O Primeiro Seminário.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Cordel, resistência e vanguarda - Por: Aderaldo Luciano

O complô das elites brasileiras contra o cordel é algo que salta aos olhos. Sempre visto como subpodruto literário, relegado à margem, proibido de frequentar a roda literária dos doutores, nem por isso o cordel curvou-se, pelo contrário, estabeleceu-se de tal forma que podemos identificar sua couraça resistente, adornada com os adereços da vanguarda. Resistência porque enraizada na mais profunda camada da terra brasileira, com raízes bulbosas a colher insistentemente os nutrientes literários fundamentais, e vanguarda por estar sempre à frente na agilidade, criatividade e descoberta de mercado. Faltou-lhe, entretanto, um pouco de movimento.
Mas, a quem interessar possa, uma coleção chamada
Clássicos em Cordel vem instaurar esse tempo, conferindo ao poeta cordelista profissionalismo e respeito. O primeiro, em forma de remuneração, e o segundo, no reconhecimento, via atribuição de ISBN, da autoria. Em outras palavras: os livros estão nas livrarias e os autores reconhecidos como tal.Por outro lado, essa coleção retomou um fenômeno intrínseco ao mundo do cordel: a adaptação de clássicos da literatura universal para sua forma fixa, consolidada em sextilhas ou setilhas, respeitando as regras cordelísticas ligadas ao gênero lírico, como a rima e o verso de sete sílabas. Cito alguns títulos copiando a primeira estrofe de cada:

1. O Alienista, de Machado de Assis, adaptado por Rouxinol do Rinaré, ilustrado por Erivaldo:
Ó Ser que tem me inspirado
Agora conduz meu estro,
Para que eu seja feliz,
Adaptando este contode Machado de Assis.

2. O corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, adaptado por João Gomes de Sá, ilustrado por Murilo e Cíntia:
O Romance do Corcunda
De Notre Dame, leitor,
Escrito por Victor Hugo,
Aquele grande escritor.
Em versos vou recontá-lo.
Sua atenção, por favor.

3. A megera domada, de Shakespeare, adaptada por Marco Haurélio, ilustrada por Klévisson Viana:
Eu vou contar uma história
Há muito tempo passada,
Na época em que a Itália
Não estava unificada
Vivia na rica Pádua
Uma família abastada.

4. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, adaptado por Moreira de Acopiara, ilustrado por Valeriano:
Conselhos de pai e mãe
Devem ser observados.
É que os pais têm mais vivência,
São muito mais tarimbados,
e querem que os filhos sejam
sempre bem-aventurados.

5. As sete viagens fabulosas do marinheiro Simbad, de Sérgio Severo, ilustrada por Valeriano:Vem das Mil e uma noitesa história de Simbad.
Mercador e marinheiro,
Famoso em Bagdad,
E as suas sete viagens
Tão contadas em Riad.

6. Os miseráveis, de Victor Hugo, adaptado por Klévisson Viana, ilustrado por Murilo e Cíntia:
Deus, o Poeta Supremo,
Nos coloca em sintonia
Com o mundo das ideias
Na mais perfeita harmonia;
Dá vigor aos nossos verso
se beleza à poesia.

Fonte: sítio Poesia Hoje http://www.poesiahoje.com/2009/10/cordel-resistencia-e-vanguarda.html

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