domingo, 15 de março de 2009

Josué Gonçalves de Araujo e a eternidade


AS TRILHAS DA ETERNIDADE

Tipo: Romance
Total de Páginas: 187 - ainda não editado

Sinopse


“O personagem Dé, fugiu da seca e da miséria no sertão da Bahia, ainda muito jovem, para o oeste do estado de São Paulo, numa misteriosa e longa peregrinação a pé. Encontrou eventuais parceiros de viagem, inclusive um velho índio misterioso, Caiti, que se tornou seu mestre em parte dessa jornada.
Tempos depois, já casado, Dé tentou e sem sucesso, a difícil vida de agricultor. Sem opção de sobrevivência, foi trabalhar como bóia-fria, junto com os filhos, no pontal do Paranapanema. Usando o exemplo das borboletas que fugiam da ameaça dos agrotóxicos da região, seus filhos, ainda adolescentes, migraram para a Capital, cheios de esperanças. Posteriormente, Dé seguiu a trilha dos filhos.
Joshua, o primeiro filho, se encontrou perdido em meio a uma turbulência política, no centro da Capital. As conseqüências da ditadura se manifestavam a luz do dia. Quando Joshua, agora um simples bancário, conheceu a jovem Vênus e se apaixonou, passou a ter visões com um índio, guardião de um lago mágico. Caiti ou Caitité, antigo parceiro de viagem de Dé, há três décadas atrás, surge repetidas vezes na vida de Joshua, quando este entra em transe ou sonha acordado. Segundo esse velho Pajé, existem pendências cósmicas, entre Joshua e ele próprio, a serem solucionadas, para que as futuras jornadas possam prosseguir livremente, nas trilhas da eternidade.
Cada personagem vivencia a sua descida ao inferno, tentando desvendar o fascinante mistério que é o de - “existir”.”.
***
As Trilhas da Eternidade
Parte do Capítulo: As marcas do tempo. (último)
... Olhava para o horizonte sem preocupação alguma, enquanto caminhava. Um vento passou velozmente sobre a sua cabeça. Duas longas asas se abriram a poucos passos, à frente. Um Caburé levantou vôo, levando preso nas garras, uma cobra se debatendo. O Caburé subiu, subiu e soltou a cobra em pleno espaço.
- Não vai sobrar nada, quando ela se estatelar no chão. - Disse Joshua em voz baixa, enquanto acompanhava com os olhos, a queda livre da cobra. Ela estava no seu caminho e podia ser pisada pelos seus pés. Do jeito que caminhava distraído, a picada seria inevitável. Olhou em todas as direções, a procura do Caburé que, provavelmente, salvou-lhe a vida. Não o distinguia em lugar algum, mas tinha certeza que era um Caburé.
- Desapareceu como uma mágica? - Falou por falar, enquanto deixava a trilha e se aproximava da cerca de arame farpado.
Com um braço apoiado sobre uma estaca, da cerca, voltou a observar o horizonte. Pensou em Dé. Ele gostaria daquele lugar, tão calmo. Amava a natureza.
“Meu Deus!” “Que mistério é existir!” Suspirou, enquanto refletia: Dé, enquanto garoto nordestino seguiu solitário a trilha para o sul, na esperança de encontrar melhores condições de vida. Como homem do campo, e sem mais opção de sobrevivência, seguiu para a Capital, junto com a família. Estava receoso e com muito medo da realidade desconhecida. Enfrentou os seus medos, até que todos os seus filhos constituíssem famílias e netos para ele. Finalmente, muito cansado da luta, mas consciente do dever cumprido, calçou a terceira sandália da vida. Partiu, tomando a direção da trilha da eternidade. A sua última trilha. Foi sozinho como na sua primeira jornada.
Joshua sentiu uma leve brisa arrepiar-lhe o corpo. Baixou o olhar e deu de cara com o Caburé orelhudo, sobre a outra estaca. Sem demonstrar alguma surpresa, sorriu e sentiu-se estranhamente feliz. O Caburé estava muito próximo e isso o deixou até admirado. Não conseguia desprender o olhar daqueles olhos grandes e penetrantes. Ficaram uma eternidade assim, um analisando o outro, até que o Caburé ameaçou voar. Voltou-se novamente para Joshua e então, alçou vôo. Voou alto, contra um céu avermelhado quase escuro, fazendo um giro sobre a cabeça de Joshua, depois seguiu em direção a leste, até se perder no infinito. ...

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